sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Colheita da uva...


Ulpiano Checa, ninfas.
 
Então vamos ao campo...

sentir o sol cálido aquecendo a pele...iluminando tudo ao redor,

poderemos abrir os braços e sentir o vento roçando de leve,
 nos cabelos, nas pernas descobertas por um vestido leve,
indecente, a fazer carinho em todo corpo...
provar o fruto em sua gênese e essência...

saborear vagarosamente o sumo nos lábios.

dançar ao som produzido por homens fortes
de pele queimada,entregar-se à Baco...


Encontraria,talvez,uma ninfa bacante,
Cúmplice dionisíaca de todo desejo:
Sedenta volúpia
Que esplende do cristal em taça
De tão cálido ventre.

Outrora
Báquica serpente,
Delírio pulsante,
Furor ardente,
Fremente chama
Que aflora em selvagem voracidade
Pelas mãos, bocas, dentes;
Pelo corpo no outro corpo,
Na violação mútua da sexualidade infrene..



e neste ato maior...
o sagrado e o profano
sentindo baco adentrar cálido
músculo e força onde minha mais sacra feminilidade
faz unir o desejo...

derramando nos campos o gozo do prazer
abençoando os campos
como em ancestral rito
de sabedoria luxúria e entrega...

entregar-se
abandonar-se
bacante ninfa, a fazer de seu ventre um cálice
onde inebriados
homens sacerdotes
vem beber do vinho, tragar a vida
existente entre os lábios sagrados
da sacerdotisa que oferece à vida
as bençãos e o prazer
neste ritual sagrado onde teu falo
é sinal de meu poder.



Pele com pele
Compondo o preciso traço
De imprecisa unidade:
Repleta da falta,
Vazia do objeto de desejo e voluptuosidade.
Derramo-me em ti
E dou-te aquilo que mais anseia...
E a gota que escorre de teu lábio
Sabe dos caminhos do teu corpo afoito
- aflito enleio que, em mim, se enleia-.
                                                     

                                                           ***as estrofes grifadas são de autoria de Anderson Christo.***

nynfa e sátyro, Athur Fischer, 1900.
 





 




2 comentários:

  1. Magnifico estupendo, no fundo da alma nos penetra, o que seria de nossas almas sem fascinantes poesia.

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  2. Assim como teu verbo, ora carícia, ora estupro, fertilizando-se da saliva que verto ao ler-te, sacerdopoetisa...

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